segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Com que roupa eu vou?

É chegada a hora!! Bandeiras tremulando, um arrepio na espinha, o medo da derrota e a satisfação da vitória!!

Não, não é o Timão na final da Libertadores...

É hora de mais uma vez exercemos o maior direito que um cidadão pode ter: o VOTO. Direto, democratico.

Quem há de criticar o sistema de eleições brasileiro? Certamente alguém que precise de um pouco de história recente do Brasil, ou de alguns (muitos) países da África, ou mesmo da superpotência (?) americana.

No banco semana passada, reclamando da fila, da possível proibição do uso de celulares no recinto, etc... uma senhora me diz que votará nulo. Lamento! lhe disse. Ouço-a dizer que não vota na Dilma pelas noticias da internet. Educadamente lhe digo que a internet tem coisas maravilhosas e é também celeiro de mentiras. Sugiro que pesquise as informações antes de toma-las por verdadeiras. Ela virou-se pra frente, não conversamos mais.

Dia 3 meu dia começará bem cedo!! De frente para o guarda roupa tenho certeza de que não titubiarei na escolha da roupa. Com que roupa eu vou? Vou de vermelho, vou pela luta, pela democracia (não a corinthiana), vou de estrela no peito e esperança no coração!

É chegada a hora do povo brasileiro ir à urnas mostrar sua opinião. Seja ela vermelha, branca ou nula. Mas é o momento de sair de cima do muro. De tomar partido. De ser o mais importante.

Me lembro de meu primeiro voto: Lula-lá. Tenho orgulho de ter eleito o primeiro presidente operário das história desse pais, quem sabe do mundo. Tenho orgulho de ter eleito o melhor presidente que esse país teve. Tenho orgulho de ter eleito o presidente do povo. O meu presidente. Que assim como meu pai, é nordestino, é trabalhador, é sindicalista, veio do nordeste pra cá em busca de uma vida melhor, não tem diploma de faculdade, mas tem o diploma da vida!!

Lamento ouvir as pessoas dizendo que votarão nulo. Lamento por todos aqueles que lutaram, e morreram, e viveram para que hoje, nós pudessemos ir ás urnas e dizer o que pensamos. Mas o nulo também é escolha e também é exercício de democracia.

Democracia que permite humoristas irem à TV e declararem "Pior que tá não fica". Fica sim companheiro! Fica! Fica pior dependendo da qualidade de seres humanos, (que não tem nada a ver com escolaridade), que elegemos e colocamos no senado, no congresso, nas prefeituras, nos governos de estado...

Mas essa é a democracia que os pelegos, os tucanos, os radiais de extema direita e esquerda, os da oposição, os da televisão, essa é a democracia que lhes assombra.

Sim! Sou petista! Sou estrela no peito e coração na boca! Sou eforia e entusiasmo! Sou paixão!!

Sou Lula! Sou Dilma! Sou Mercandante!! Sou Brasil!!!

PS. O dia 13 é mera coicidência!!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

"Urge derrotar aquelas forças reacionárias que se escondem atrás do candidato da oposição. Não julgo a pessoa, coisa de Deus, mas o que representa como ator social", escreve Leonardo Boff

Eis o artigo.

Para mim o significado maior desta eleição é consolidar a ruptura que Lula e o PTinstauraram na história política brasileira. Derrotaram as elites econômico-financeiras e seu braço ideológico a grande imprensa comercial. Notoriamente, elas sempre mantiveram o povo à margem da cidadania, feito, na dura linguagem de nosso maior historiador mulato, Capistrano de Abreu,”capado e recapado, sangrado e ressangrado”. Elas estiveram montadas no poder por quase 500 anos. Organizaram o Estado de tal forma que seus privilégios ficassem sempre salvaguradados.  Por isso, segundo dados do Banco Mundial, são aquelas que, proporcionalmente, mais acumulam no mundo e se contam, política e socialmente, entre as mais atrasadas e insensíveis. São vinte mil famílias que, mais ou menos, controlam 46% de toda a riqueza nacional, sendo que 1% delas possui 44% de todas as terras. Não admira que estejamos entre os paises mais desiguais do mundo, o que equivale dizer, um dos mais injustos e perversos do planeta.
Até a vitória de um filho da pobreza, Lula, a casa grande e a senzala constituíam os gonzos que sustentavam o mundo social das elites. A casa grande não permitia que a senzala descobrisse que a riqueza das elites fôra construida com seu trabalho superexplorado, com seu sangue e suas vidas, feitas carvão no processo produtivo. Com alianças espertas, embaralhavam diferentemente as cartas para manter sempre o mesmo jogo e, gozadores, repetiam:”façamos nós a revolução antes que o povo a faça”. E a revolução consistia em mudar um pouco para ficar tudo como antes. Destarte,  abortavam a emergência de um outro sujeito histórico de poder, capaz de ocupar a cena e inaugurar um tempo moderno e menos excludente. Entretanto, contra sua vontade, irromperam redes de movimentos sociais de resistência e de autonomia. Esse poder social se canalizou em poder político até conquistar o poder de Estado.
Escândalo dos escândalos para as mentes súcubas e alinhadas aos poderes mundiais: um operário, sobrevivente da grande tribulação, representante da cultura popular, um não educado academicamente na escola dos faraós, chegar ao poder central e devolver ao povo o sentimento de dignidade, de força histórica e de ser sujeito de uma democracia republicana, onde “a coisa pública”, o social, a vida lascada do povo ganhasse centralidade. Na linha de Gandhi, Lula anunciou: “não vim para administrar, vim para cuidar; empresa eu administro, um povo vivo e sofrido eu cuido”. Linguagem inaudita e instauradora de um novo tempo na política brasileira. A “Fome Zero”, depois a “Bolsa Família”, o “Crédito consignado”, o “Luz para todos”, a “Minha Casa, minha Vida, a “Agricultura familiar, o “Prouni”, as “Escolas profissionais”, entre outras iniciativas sociais permitiram que a sociedade dos lascados conhecesse o que nunca as elites econômico-financeiras lhes permitiram: um salto de qualidade. Milhões passaram da miséria sofrida à pobreza digna e laboriosa e  da pobreza para a classe média. Toda sociedade se mobilizou para melhor.
Mas essa derrota inflingida às elites excludentes e anti-povo, deve ser consolidada nesta eleição por uma vitória convincente para que se configure um “não retorno definitivo” e elas percam a vergonha de se sentirem povo brasileiro assim  como é e não como gostariam que fosse. Terminou o longo amanhecer.
Houve três olhares sobre o Brasil. Primeiro, foi visto a partir da praia: os índios assistindo a invasão de suas terras. Segundo, foi visto a partir das caravelas: os portugueses “descobrindo/encobrindo” o Brasil. O terceiro, o Brasil ousou ver-se a si mesmo e aí começou a invenção de uma república mestiça étnica e culturalmente que hoje somos. O Brasil enfrentou ainda quatro duras invasões: a colonização que dizimou os indígenas e introduziu a escravidão; a vinda dos povos novos, os emigrantes europeus que substituirem índios e escravos; a industrialização conservadora de substituição dos anos 30 do século passado  mas que criou um vigoroso mercado interno e, por fim, a globalização econômico-financeira, inserindo-nos como sócios menores.
Face a esta história tortuosa, o Brasil se mostrou resiliente, quer dizer, enfrentou estas visões e  intromissões, conseguindo dar a volta por cima e aprender de suas desgraças.  Agora está colhendo os frutos.
Urge derrotar aquelas forças reacionárias que se escondem atrás do candidato da oposição. Não julgo a pessoa, coisa de Deus, mas o que representa como ator social.Ceslo Furtado, nosso melhor pensador em economia, morreu deixando uma advertência, título de seu livro A construção interrompida(1993):”Trata-se de saber se temos um futuro como nação que conta no devir humano.  Ou se prevalecerão as forças que se empenham em interromer o nosso processo histórico de formação de um Estado-nação”(p.35). Estas não podem prevalecer. Temos condições de completar a construção do Brasil, derrotando-as com Lula e as forças que realizarão o sonho de Celso Furtado e o nosso.