30 de março de 2011, São Paulo, 16hs.
Duas crianças aguardam o sinal fechar. A menina de 4 anos de idade, um vestido rosa e cabelos compridos. O garoto de seus 8 anos, bermuda cinza, camiseta regata vermelha com desenhos da moda. Ambos de chinelos de dedo nos pés.
Finalmente o sinal fecha e os dois iniciam sua empreitada. Ele coloca nos retrovisores dos carros pequenos pacotes contendo balas e uma mensagem. Enquanto se aproxima dos carros, dirige um grande sorriso aos motorista e estende a mão para cumprimentá-los. Curiosamente, ninguém lhe nega o aperto de mão. Logo em seguida, cantarolando e saltitando vem a menininha recolhendo os pacotinhos que não foram vendidos e com um sorriso maior que do irmão, agradece.
O sinal abre e as crianças voltam a calçada, novamente em direção à esquina. O menino afaga os cabelos da irmã que lhe retribui com um beijinho nas mãos.
Encostam-se em um poste onde observam o movimento. A menininha cantarolando ainda, pega uma boneca e começa a brincar. O menino, agora sem sorrir e com olhos profundamente tristes, apenas observa o sinal, a irmã, e a rua, talvez com a esperança de uma outra vida...
Mas o sinal abre outra vez e ele já não tem tempo para sonhos.