domingo, 28 de março de 2010

As notícias da minha semana

Essa semana tivemos talvez o maior julgamento da história desse país. Os Nardoni foram condenados pela morte da menina Isabella.


Centenas de pessoas acompanharam os dias de julgamento no Fórum de Santana. Outras dezenas de milhares, assim como eu, acompanharam pelos meios de comunicação.


O julgamento causou enorme comoção social. Pessoas gritando palavras de ordem nas ruas, com faixas e cruzes. Rojões foram ouvidos enquanto o juiz proferia a sentença.


Enquanto isso, no BBB 10 alguém saiu, alguém foi lider, e mais dois foram para o paredão. Também o Brasil comentou.


No jornal global da manhã os Renatos anunciam que o presidente Lula foi multado por fazer


campanha antecipada para a ministra Dilma. Ops... não podia dizer o nome...


O Corinthians perdeu a segunda seguida no paulistão e está fora do G4 dando lugar para Lusa. Ronaldo briga com a torcida e depois pede desculpas, diz o fofo Tiago do esporte. Essas notícias eu preferia não dar.


Renato Russo faria 50 anos!!


E em uma linha do Globo News, perdido em um cantinho das páginas do Uol, em uma pontinha do Datena, ali perdida em overdoses de julgamentos e tribunais, em BBBs, em proibições do presidente em pronunciar nomes, e as crises corinthianas, ali quase escondida, quase que não está, a grve dos professores do estado.


Marginalizados, discriminados, hostilizados. Quando saía a notícia sobre a greve, não era senão para condená-los sem direito à juri.


Durante manifestação 16 foram feridos pela PM armada, cavalaria e choque. Tudo porque o tucano anêmico não queria que chegassem à frente de seu palácio, que deveria ser o palácio do povo.


Assistindo a essas cenas me pergunto parafraseando meu querido Renato, não o global: Que país é esse?


Que país é esse onde é mais importante saber se é o dourado, o prateado ou o rosa choque que vai ganahar um milhão e meio?


Que país é esse que se importa mais com a vida dos outros, deixa seus empregos e vai para porta de um fórum protestar por uma justiça que não lhes pertence?


Que país é esse que permite que os educadores de seus filhos apanhem da polícia em um protesto de mãos limpas por, não só dinheiro, mas por melhores condições de trabalho? Trabalho esse que se encarrega de  formar milhões de cidadãos por ano.


Mas por que formar pessoas que pensem? Quanto mais pensante for o povo, menos chances os tucanos, verdadeiros urubus, tem de se eleger.


Ao invés de firem a frente das TVs, computadores ou fóruns, esse povo que clama justiça deveria mesmo ir se juntar a causa desses homens e mulheres que trabalham pela formação desse país. Deviam ir às ruas, apoiar a greve, lutar pelas melhorias de condição de trabalho, apoir quem realmente trabalha por esse estado.


A imprenssa e os governantes marginalizam os professores, como se greve não fosse um direito seu.


A sociedade mudou nas últimas décadas. Mulheres que se dedicavam exclusivamente aos cuidados da casa foram para as ruas trabalhar. As famílias foram formando-se cada vez mais cedo por pessoas cada vez mais jovens. Cresceu o modelo monoparental. As pessoas tem cada vez menos tempo.


As escolas, ao contrario, mantiveram-se no modelo década de 60, que recebiam as crianças praticamente prontas para a alfabetização, muito bem educadas. Nessa época, os professores eram treinados à atender essa demanda.


Hoje recebem o mesmo treinamento para atender à uma demanda totalmente diferente. São obrigados, e a palavra é essa, à promoção automática. Aliás de quem foi essa idéia?


Ah... mas depois que morre todo mundo vira santo...


A sociedade mudou, a escola não se preparou para essa mudança, e não por culpa dos professores. Por culpa dos modelos impostos pelos governos. Nos últimos anos o secretario estadual de educação mudou 3 vezes. Por 3 vezes foram adotados modelos diferentes de ensino que não tem dado certo.


A justiça fez sua parte essa semana. E nós, cidadãos, fizemos a nossa?


A luta dos professores é também a nossa luta. Pelos nossos direitos, pelo nosso país.


P.S. Não tenho interesse algum de fazer campanha política pra quem quer que seja, mas acredito piamente que está mais que na hora dessa São Paulo mudar.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Dona Flor

Maricotinha era uma menina sem sal e sem açúcar. Muito magricela, branca de dar dó em vela!! Sua vozinha esganiçada assustava os passarinhos que vinham aos beirais das janelas da fazenda de D. Flor.

D. Flor era a vovó que qualquer um sonhava. Gentil e bondosa. Caaallllmmmaaaa... Quando contava histórias dos bichos e lendas da floresta, toda criançada logo  caia no sono. Exceto Maricotinha, é claro.

Eita menina danada!!! Tinha fogo nas ventas e redemoninho nos pés. Por onde passava levava copos, bandejas e almofadas ao chão. As férias de dezembro eram suas preferidas. Corria pela fazenda, chafurdava na lama, montava à cavalo e comia muito bolo de fubá com erva doce.

Maricotinha morava na cidade mas achava muito chato. Preferia a vida na fazenda de D. Flor, os balanços de pneu amarrados à troncos de árvores, as montarias no pangaré Barnabé, (seu amigo de verdade), a brincadeira com os primos, à aquele monte de cinza chumbo dos prédios de São Paulo.

Nessa época tinha ela 6 aninhos, olhos brilhantes e o coração cheio de curiosidades.

Sua infância seguiu nessa alegria de esperar pelas férias na casa de D. Flor com os primos e amiguinhos à beira da fogueira ouvindo histórias de terror, os banhos de rio gelado e aqueles montes de vermes que deixavam a mãe e o pediatra loucos de preocupação.

O tempo passou, e os pais de Maricotinha se separaram. As visitas à fazenda de D. Flor foram rareando.

Maricotinha cresceu, virou adolescente, agora com 16 anos já não tinha mais tanto interesse nas noites da fazenda.

Certa noite, quando já dormia, o telefone toca. Era seu pai. D. Flor havia partido de um mal súbito que tomou a todos de surpresa. Era a primeira vez que Sofia se deparava com a morte!

Em seu velório, Maricotinha lembrou-se dos carinhos da vovó, sus bolinhos e histórias. Sentiu saudades de D. Flor e perguntou-se, retoricamente, por quê afastara-se tanto da fazenda, de Barnabé, das fogueiras... de D. Flor.

Em sua lembrança sentiu o cheiro de flores e lenha de fogão da vó, fez uma oração e foi embora. Não queria ver D. Flor presa em uma caixa debaixo da terra. Preferia guardar D. Flor contando histórias e chamando seu nome para o almoço...

MARICOTINHAAAAAAAAAA...

segunda-feira, 1 de março de 2010

É... ela sabia que hoje seria um dia daqueles...

Ja começara o dia abdicando de um sonho, e isso não lhe agrava fazer.

Os clientes do dia só estavam trazendo chateação. Tinha que cobrar, mas sabia que não pagariam.

E para piorar, essa chuva.

Tinha tido uma noite difícil, uma conversa difícil.

Sabia que tinha chegado a hora. Precisava agir.

Mas por hora, tinha clientes a cobrar... pensaria nisso mais tarde.