quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O primeiro dia de aula!

Naquele dia a saudade visitou Sofia.

Naquele início de tarde, no trânsito da hora do almoço, Sofia parou no sinal e ao invés de verificar o celular, olhou para o lado.

Nunca havia reparado que naquela rua que passava todos os dias havia uma escola.

Sofia não se lembrava da primeira vez na vida em que fora para escola, mas se lembrava da primeira vez que fora a escola onde cursou o colegial.

No horário em que a mãe a mandara, lá estava ela: camiseta do uniforme, rabo de cavalo, fichário com fotos de artistas famosos, um perfume que ganhara no natal, calças jeans... Nossa! Sofia se surpreendeu com sua memória!

Chegou à frente da escola e os portões sequer haviam sido abertos. Odiou a mãe por te-la feito ir tão cedo a um local onde não conhecia ninguém. Queria se enterrar, mas em vez disso, encostou no muro e buscou desesperadamente por um rosto conhecido. Nada.

Sofia não conhecia ninguém. Seus amigos foram transferido para outra escola e Sofia ficou sozinha.

Quando o portão abriu, Sofia se sentiu ainda pior. Com quem conversaria? Onde poderia se sentar? Quanto tempo levaria até que chegasse à loucura total?

O dia passou devagar, e Sofia se sentia em um campo de concentração. No intervalo quase se afogou no vaso sanitário do banheiro, mas antes que colocassse seu plano em prática, tocou o sinal e Sofia sentiu-se aliviada. Pelo menos na sala de aula não precisava falar nada. Seria a melhor aluna da turma, aquela que não conversa com ninguém! Nunca!

Chegou em casa, correu para o banheiro e chorou em baixo do chuveiro.

Os dias passaram, e a cada um deles Sofia gostava mais daquele lugar. Fez dezenas de amigos, se apaixonou, namorou, foi uma das melhores alunas da turma e conversou muito, participou dos jogos interescolares.

Ali em seu carro, Sofia sentia o cheiro da sala de aula e o gosto da polenta da merenda na boca. Lembrava doa amigos... onde estariam? Poucas amizades sobreviveram à faculdade...

De repente sentiu-se muito velha, olhando aquelas adolescentes fazendo e pensando as mesmas coisas que ela... mas isso fora há muito tempo atrás...

O sinal abriu e Sofia despertou de suas deliciosas lembrança com uma enxurrada de buzinas, mas com um sorriso nos lábios que só a saudade de tempos felizes é capaz de proporcionar. Voltou para a vida real, mas não sem antes gritar pela janela:

"Passa por cima!!"

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