Quando trabalhei no serviço público municipal, prestei serviços na área de projetos culturais e certa vez nos surgiu a necessidade de desenvolver um projeto junto à unidade da Fundação Casa do Município.
Todos estávamos prontamente dispostos a elaborar tal projeto, e a sugestão seria uma Oficina para discutir as novas regras ortográficas.
Sempre trabalhamos com parcerias e houve uma reunião com membros de uma associação a qual expusemos nosso interesse em contratá-los para elaborar essa oficina, porém, não sei se eles mais que eu ou, eu mais que eles, apresentaram-se arredios à proposta.
A primeira exclamação foi a de que os internos da Fundação mal sabiam ler, e que seria desperdício uma oficina complexa naquele lugar.
Depois de muito conversar decidiram que fariam uma oficina de poesia livre e outra de crônica, pois julgavam que para os dois estilos não seria necessário explicar aos internos a métrica, separação de sílabas poéticas.
Um silencio sepulcral se fez na sala quando foi-se escolher quem seriam os oficineiros. Um olhando para o outro, completamente constrangidos, e ao final a exclamação de uma das presentes “por que todos olham para mim?”.
Tudo ‘resolvido’, a reunião seguiu por outros assuntos de pauta.
Ao final precisei acertar valores, datas e metodologias a serem aplicadas para as oficinas, pois há um tramite para se realizar atividades na Fundação. Pensando eu que seriam dois dias de oficina, um para cada estilo literário, vou sugerir valores e datas, ao passo que novamente me surpreendo com exclamações de “apenas um dia, mais que isso fica cansativo, e apenas 1 hora para cada estilo” e ainda “fecha esse valor mesmo, a diferença paga a gasolina para chegar naquele fim de mundo”.
Bem caros leitores, vocês devem estar se perguntando o porquê de todo o meu espanto, e eu já explico.
Minha intenção nesse texto não é discutir o sistema carcerário brasileiro, ou a metodologia aplicada pela Fundação Casa na recuperação dos menores, nem tão pouco defender aqueles que cometeram delitos, muito embora a defesa seja um direito Constitucional.
Minha indignação é dirigida aos educadores, ou pseudoeducadores, que claramente e sem pudor distinguem os educandos por classe social, cor de pele, situação de risco a que estão expostos, dão preferência a este ou aquele grupo. “Ah, para alunos de escolas particulares vale a pena ministrar aulas das novas regras ortográficas, mas para internos da Fundação Casa...”
São, no popular, “dois pesos e duas medidas”.
Qual a recuperação que podemos esperar de adolescentes que sequer são considerados capazes de entender métrica?
Façamos uma análise imparcial, sem questionar qual tipo de atrocidades possam esses ter cometido. Como esperar destes que acreditem em si, que saiam de cabeça erguida da ressocialização para a sociedade, como esperar que creiam nessa sociedade que mesmo quando ainda estavam em recuperação os discriminavam?
A inclusão social deve estar nas mais variadas camadas da sociedade, inclusive e principalmente em centros de resssocialização.
Uma entidade como a Fundação Casa não precisa de pessoal trabalhando apenas para cumprir um papel na sociedade. Essa entidades precisam de pessoas comprometidas com o trabalho de formação de cidadãos.
A discriminação gera revolta, violência, e esses não fatores promotores de recuperação.
Conversei com vários professores da Fundação, e é unânime entre eles que para realizar qualquer tipo de atividade lá, é necessário doação. Os internos sentem quem esta lá por amor e quem está lá por conveniência.
Agora saindo um pouco do foco da Fundação, pensando macro, pensando em sociedade, pensando na inclusão social. O que cada um de nós faz para que seja realidade? Quantos preconceitos e quantos esterótipos formamos antes de sairmos de casa? Por que tanta surpresa quando vemos um menor em situação de risco trabalhando dignamente? Qual a nossa função, o nosso papel nessa sociedade e que parte nos cabe nessa jornada pela inclusão? E principalmente, por que tantos de nós não assume qualquer responsabilidade?
Por que é mais fácil criticarmos governos, ONGs e associações comprometidas com a inclusão. É mais fácil chamá-los de incompetentes. Porque é mais fácil deixarmos para amanha, para depois, para outro fazer.
Como é fácil criticar o governo Lula que busca dar inclusão e dignidade através do Bolsa Família, ProUni, e outros programas. Mas como é difícil “apadrinhar” uma criança. Como é difícil dedicar um tempinho à um orfanato, ou à um asilo.
A maior parte de nós busca o “caminho mais fácil”, a crítica vazia e sem fundamentação! Ou ainda pior! Simplesmente fingir que o problema não existe, e que se existe, ele não é nosso!!
Procuro me incluir sempre em tudo o que escrevo porque não sou perfeita, também deixo algumas coisas pra depois, pra outro fazer, mas tenho consciência plena de que se quero uma cidade, um país, um mundo melhor, tenho que me movimentar, me comprometer, através de ações, como esses chamamentos que proponho nesse blog.
Através de discussões, de debates, de opiniões divergentes, de novas idéias, de contato físico e humano.
Tem muita gente por ai. E essa gente também é ser humano! Independente da marca que traga nos pés, dos erros que tenha cometido, ou das cicatrizes que traga na alma.
Reforço o que disse no inicio desse texto, não estou aqui para acusar ou defender esse ou aquele. A proposta desse debate é para que adotemos ações capazes de transformar situações de risco em sucesso e para isso é necessário que nos comprometamos com nosso trabalho, com nossas propostas e nossos ideais.
Penso que assim teremos, num futuro não muito distante, igualdade social, de oportunidades e responsabilidades.
As palavras de ordem são: comprometimento, responsabilidade e amor!!
Chega de gente vazia!!
Todos estávamos prontamente dispostos a elaborar tal projeto, e a sugestão seria uma Oficina para discutir as novas regras ortográficas.
Sempre trabalhamos com parcerias e houve uma reunião com membros de uma associação a qual expusemos nosso interesse em contratá-los para elaborar essa oficina, porém, não sei se eles mais que eu ou, eu mais que eles, apresentaram-se arredios à proposta.
A primeira exclamação foi a de que os internos da Fundação mal sabiam ler, e que seria desperdício uma oficina complexa naquele lugar.
Depois de muito conversar decidiram que fariam uma oficina de poesia livre e outra de crônica, pois julgavam que para os dois estilos não seria necessário explicar aos internos a métrica, separação de sílabas poéticas.
Um silencio sepulcral se fez na sala quando foi-se escolher quem seriam os oficineiros. Um olhando para o outro, completamente constrangidos, e ao final a exclamação de uma das presentes “por que todos olham para mim?”.
Tudo ‘resolvido’, a reunião seguiu por outros assuntos de pauta.
Ao final precisei acertar valores, datas e metodologias a serem aplicadas para as oficinas, pois há um tramite para se realizar atividades na Fundação. Pensando eu que seriam dois dias de oficina, um para cada estilo literário, vou sugerir valores e datas, ao passo que novamente me surpreendo com exclamações de “apenas um dia, mais que isso fica cansativo, e apenas 1 hora para cada estilo” e ainda “fecha esse valor mesmo, a diferença paga a gasolina para chegar naquele fim de mundo”.
Bem caros leitores, vocês devem estar se perguntando o porquê de todo o meu espanto, e eu já explico.
Minha intenção nesse texto não é discutir o sistema carcerário brasileiro, ou a metodologia aplicada pela Fundação Casa na recuperação dos menores, nem tão pouco defender aqueles que cometeram delitos, muito embora a defesa seja um direito Constitucional.
Minha indignação é dirigida aos educadores, ou pseudoeducadores, que claramente e sem pudor distinguem os educandos por classe social, cor de pele, situação de risco a que estão expostos, dão preferência a este ou aquele grupo. “Ah, para alunos de escolas particulares vale a pena ministrar aulas das novas regras ortográficas, mas para internos da Fundação Casa...”
São, no popular, “dois pesos e duas medidas”.
Qual a recuperação que podemos esperar de adolescentes que sequer são considerados capazes de entender métrica?
Façamos uma análise imparcial, sem questionar qual tipo de atrocidades possam esses ter cometido. Como esperar destes que acreditem em si, que saiam de cabeça erguida da ressocialização para a sociedade, como esperar que creiam nessa sociedade que mesmo quando ainda estavam em recuperação os discriminavam?
A inclusão social deve estar nas mais variadas camadas da sociedade, inclusive e principalmente em centros de resssocialização.
Uma entidade como a Fundação Casa não precisa de pessoal trabalhando apenas para cumprir um papel na sociedade. Essa entidades precisam de pessoas comprometidas com o trabalho de formação de cidadãos.
A discriminação gera revolta, violência, e esses não fatores promotores de recuperação.
Conversei com vários professores da Fundação, e é unânime entre eles que para realizar qualquer tipo de atividade lá, é necessário doação. Os internos sentem quem esta lá por amor e quem está lá por conveniência.
Agora saindo um pouco do foco da Fundação, pensando macro, pensando em sociedade, pensando na inclusão social. O que cada um de nós faz para que seja realidade? Quantos preconceitos e quantos esterótipos formamos antes de sairmos de casa? Por que tanta surpresa quando vemos um menor em situação de risco trabalhando dignamente? Qual a nossa função, o nosso papel nessa sociedade e que parte nos cabe nessa jornada pela inclusão? E principalmente, por que tantos de nós não assume qualquer responsabilidade?
Por que é mais fácil criticarmos governos, ONGs e associações comprometidas com a inclusão. É mais fácil chamá-los de incompetentes. Porque é mais fácil deixarmos para amanha, para depois, para outro fazer.
Como é fácil criticar o governo Lula que busca dar inclusão e dignidade através do Bolsa Família, ProUni, e outros programas. Mas como é difícil “apadrinhar” uma criança. Como é difícil dedicar um tempinho à um orfanato, ou à um asilo.
A maior parte de nós busca o “caminho mais fácil”, a crítica vazia e sem fundamentação! Ou ainda pior! Simplesmente fingir que o problema não existe, e que se existe, ele não é nosso!!
Procuro me incluir sempre em tudo o que escrevo porque não sou perfeita, também deixo algumas coisas pra depois, pra outro fazer, mas tenho consciência plena de que se quero uma cidade, um país, um mundo melhor, tenho que me movimentar, me comprometer, através de ações, como esses chamamentos que proponho nesse blog.
Através de discussões, de debates, de opiniões divergentes, de novas idéias, de contato físico e humano.
Tem muita gente por ai. E essa gente também é ser humano! Independente da marca que traga nos pés, dos erros que tenha cometido, ou das cicatrizes que traga na alma.
Reforço o que disse no inicio desse texto, não estou aqui para acusar ou defender esse ou aquele. A proposta desse debate é para que adotemos ações capazes de transformar situações de risco em sucesso e para isso é necessário que nos comprometamos com nosso trabalho, com nossas propostas e nossos ideais.
Penso que assim teremos, num futuro não muito distante, igualdade social, de oportunidades e responsabilidades.
As palavras de ordem são: comprometimento, responsabilidade e amor!!
Chega de gente vazia!!
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